Esse é um relato bastante pessoal, pra gente conversar um pouquinho sobre a melhor maneira de enfrentar uma situação difícil ou desconfortável. As razões pelas quais nós, às vezes, nos deparamos com situações assim, são várias. Não sei vocês, mas comigo é assim: quanto mais eu tenho culpa no cartório, mais difícil pra mim é enfrentar alguma coisa, ou: quanto mais depender de mim a resolução de alguma coisa, provavelmente mais eu vou procrastinar.
Bem, é pra melhorar isso que a gente evolui, certo? 🙂
Quantas e quantas vezes nós nos vemos em um beco sem saída, sem saber como agir ou procrastinando uma atitude que está em nossas mãos e na maioria das vezes em que a gente se sentir assim, vai depender pura e exclusivamente de nós? Há coisas na nossa vida que não se transferem.
- Não se transfere responsabilidade.
- Não se transferem decisões que cabem a nós.
Ir empurrando suas pendências com a barriga e rezar a oração do “um dia isso se resolve”, só vai prolongar sua angústia e só vai trocar a data daquilo que DEVE SER FEITO. Em vez de hoje, daqui a uma semana, um mês, dois meses, seis meses. Nada vai mudar, apenas o dia do enfrentamento! Se é assim, melhor tirar logo da frente, certo?
Recentemente passei por uma situação bastante desconfortável e que foi bem difícil de enfrentar. Eu fiz de tudo: fingi que não era comigo, tirei a intensidade do problema, tentei conviver com ele e solucioná-lo aos poucos, até que para que outras coisas dessem certo, dependiam de que ele não existisse. Depois de tê-lo resolvido, a leitura que tenho disso é que se tem alguma coisa que eu sei que vai dar merda lá na frente, melhor resolver HOJE. E se tem uma coisa que depende pura e exclusivamente de mim pra ser resolvida, então melhor não fugir e fazer o que deve ser feito. Finalmente, o jeito mais bonito e digno de assumir uma cagadjenha feita, é não usar muletas, não procurar desculpas, ou álibis, ou justificativas e assumir, pura e simplesmente, de peito aberto.
No ano passado eu cometi um erro. E fui levando, levando, levando. Vou resolvendo, aos poucos. Mas, nestes tempos recentes, este erro do passado me custou MUITO. Quem me ajudou a resolver, foi meu pai. Ele ficou bravo, ficou puto, ficou desapontado. E eu, fiquei um dia inteiro o evitando, sem aparecer na frente dele, morrendo de vergonha e incapaz de olhar nos seus olhos. Não tomei café, não almocei. Quando o estômago estava apertado, fui até a cozinha pegar um pacote de bolacha água e sal e uma caixinha de suco. Quando estava fechando as portas do armário, vi que o meu pai estava passando do lado de fora, no quintal. Então nessa hora eu pensei: enfrenta, Melissa.
Eu fui até ele, que estava de costas (eu precisava passar por ali pra voltar para onde eu estava, era caminho). Eu abaixei os braços e fiquei parada, esperando-o se virar e me ver. Dizer o que tinha pra dizer. Ele se virou, me viu e disse assim:
_ Melissa, você faz as bobagens depois fica com vergonha, né?
Eu respondi:
_ Me desculpa, pai.
O dia seguiu com muuuuuuito mais leveza do que eu pensei que fosse possível depois das merdas tudo virem à tona. E, no final das contas, eu aprendi duas lições muito importantes e muito simples sobre PROBLEMAS:
- Não fuja.
- Assuma a responsabilidade.
Tem alguma coisa tirando seu sono? Não adie a resolução. Enfrente, de peito aberto. Eu juro pra você: é o melhor a se fazer.