Ele nasceu ela…
Com um ano, eu já percebia atitudes diferentes no comportamento, mas até então não estavam claras para mim. Lembro-me que na festinha de um ano, o vestido descosturou e ele descobriu; enfiou o dedinho e foi descosturando,até perguntar-me se poderia vestir seu short e camiseta.
Os anos foram passando, e sempre com preferência por shorts, jeans, camiseta e tênis; comum entre os adolescentes e jovens. Gostava de brincar de tijolinhos, Lego… Curtiu os personagens da Turma da Mônica, principalmente o Cebolinha.
Aos 4-5 anos, observei que estava tendo um comportamento bastante agressivo e levei ao psicólogo, onde fez terapia.
Na escola, destacava-se por gostar de esportes considerados até então “masculinos”, como futebol e handebol.
Na adolescência, ficou mais latente o jeito masculino de ser e a agressividade.
Várias vezes fui chamada ao colégio, para conversarmos sobre o comportamento dele e como lidar com isso. Nessa época, recebi sábios conselhos do diretor do colégio, hoje, um grande bispo. Uma das frases que ele me falou:
“Graça, minha querida, pense nisso: Não existe ex-mãe,nem ex-filho!”
Tenho absoluta certeza do quão angustiante foi esta vivência, da tentativa de “descobrir” o que realmente era em relação do gênero. Vivia triste, angustiado, introvertido, infeliz… Numa conversa, relatou-me não se sentir homossexual, mas sim, um homem num corpo de mulher, e não se identificava com o corpo que tem.
Em 2014, na angústia de saber (embora soubesse) quem verdadeiramente era, entrou em depressão e tentou o suicídio. Nessa época, conheceu uma psicóloga que após várias conversas (inclusive comigo) diagnosticou a Transgeneralidade.
Tudo clareou para ele!
“Agora sei verdadeiramente qual o meu gênero: nasci (sou) homem num corpo de mulher”
Começou então todo um tratamento adequado, com acompanhamento de médicos e terapia psicológica. E assim, floresceu GAEL, o meu filho muito amado. Como mãe, posso afirmar que, é necessário compreendê-los, acolhê-los, dar muito apoio, compreensão, carinho e amor. Isso é fundamental para a saúde psicológica de um transgênero ou LGTs. Sem fobias,sem cobranças, sem preconceitos.
Ser transgênero não é opção de vida, é biológico!
Meu Gael é feliz, tem o amor e compreensão da família e de poucos e verdadeiros amigos.
Que lindo Graça. Parabéns por ser essa mãe incrível e corajosa. Muito amor e luz a vocês sempre. Chorando aqui só com esse relato.
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Mel, já estou com 63 ! Paulistana de coração e carioca de nascimento.
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